A segunda parte desta semana em nossa curta série de artigos dedicados ao hacking. Se você perdeu a primeira parte de História do hacking (parte 1/3), ela está aqui.

Rumo à Internet como a conhecemos

Em 1989, na Suíça, os laboratórios do CERN desenvolveram a World Wide Web. Nascia a Internet.

Inicialmente, as falhas de segurança foram detectadas em redes fechadas pertencentes ao exército, a algumas universidades ou até mesmo a grandes empresas da época, mas o surgimento de uma rede global redefiniu alguns aspectos da segurança e da proteção de dados digitais.

Surgiu o primeiro software de criptografia. Em 1991, o famoso PGP (Pretty Good Privacy) foi desenvolvido e distribuído por Philip Zimmermann. A ideia era poder criptografar todos os tipos de dados para torná-los seguros, principalmente as comunicações por e-mail. Naquela época, não se tratava de proteger a privacidade ou os dados em uma Cloud segura; o que estava em jogo era essencialmente econômico e militar. Muitos projetos eram desenvolvidos em conjunto por várias pessoas, às vezes de países diferentes, e era imperativo limitar ao máximo o risco de vazamentos.

Quando os bancos se tornam um alvo, o nascimento de uma lenda russa, Vladimir Levin

Apresentado como cientista, Vladimir Levin fazia parte de um grupo de hackers russos conhecido como “Hackers de São Petersburgo”. É uma história bastante controversa de roubo e desvio de dinheiro. Vladimir Levin supostamente obteve acesso às principais contas dos clientes do CityBank usando seu serviço de transferência. Isso permitiu que ele transferisse fundos no valor total de pouco mais de US$ 10 milhões para contas em todo o mundo. Ele foi preso em 1995, considerado culpado e condenado a 3 anos de prisão.

A história não termina aí. ArkanoiD, um suposto membro dos hackers de São Petersburgo, alegou em 2005 ter sido o primeiro a penetrar na rede do CityBank e afirmou que Vladimir Levin nunca teve as habilidades necessárias para realizar esse tipo de invasão e que ele havia obtido acesso por meio do grupo de hackers.

A Internet começou a se espalhar gradualmente, tornando-se um fantástico playground para os entusiastas da ciência e da computação em todo o mundo. A partir de 1995, a navegação na Internet tomou forma com o advento dos navegadores. Medidas e sanções importantes foram implementadas para manter afastados alguns hackers considerados perigosos, como no caso do MinorThreat, que foi o primeiro hacker a ser banido da Internet.

Naquela época, a população ainda era considerada pouco equipada e mal informada. Poucos livros e revistas de informática eram acessíveis a todos. No entanto, worms, vírus e cavalos de Troia estavam começando a se espalhar. Inicialmente, não se tratava de tirar nada dos usuários. Os hackers estavam interessados no desafio de detectar falhas de segurança nas principais empresas de tecnologia e em criar, inovar e fornecer soluções. O Internet Explorer era um alvo popular.
Os danos causados pelos vírus e o sequestro dos recursos do computador dos usuários eram, no início, danos colaterais ou experimentos de adolescentes particularmente talentosos.

Ano 2000, I Love You

Esse é, sem dúvida, o worm de computador mais famoso do novo século. À medida que a população mundial se tornou cada vez mais bem equipada, ele se espalhou com extrema rapidez, infectando mais de 3 milhões de máquinas em todo o mundo em apenas 4 dias, causando milhões de dólares em danos. Esse malware, que se originou nas Filipinas, foi identificado como criação de um certo Onel de Guzmán, que tinha 24 anos na época, mas negou ser o criador. A ausência de leis contra hacking nesse país na época do incidente fez com que o autor de um dos worms mais destrutivos ficasse impune.

Mafiaboy, um script Kiddie subestimado

Um script kiddie é um termo pejorativo para um adolescente sem habilidades reais de segurança de computador, mas que experimenta scripts criados por hackers reais para se infiltrar em vários sistemas. Odiados pelos hackers e subestimados pelas autoridades, esses “script kiddies” são uma ameaça real e seu número está crescendo.

Foi o que aconteceu em 2000, quando um adolescente canadense de 15 anos, Michael Calse, conhecido pelo pseudônimo Mafiaboy, realizou uma série de ataques contra o Yahoo! Amazon, Dell, CNN e eBay, resultando no fechamento temporário de seus acessos. Vigiado na época, mas nunca questionado pelas autoridades por ser considerado um adolescente com habilidades técnicas medíocres, as perdas foram estimadas em mais de US$ 1,7 bilhão.
Ele foi finalmente preso no mesmo ano depois de se gabar no IRC de que era o autor desses ataques.

A mídia e os riscos estão se multiplicando, evoluindo e sofrendo mutações.

Na primeira década dos anos 2000, houve uma sucessão de prisões de hackers em todo o mundo, desde a simples invasão de um sistema até o roubo de dados confidenciais. A disseminação de malware começou a se tornar um verdadeiro incômodo para os usuários. O software antivírus, usado principalmente por empresas, também está sendo instalado em residências particulares. Os diversos aplicativos de software usados para comunicação, como IRC, ICQ, MSN e download de arquivos, são todas brechas de segurança contra as quais precisamos começar a nos proteger.

Mesmo que a navegação na Internet envolva riscos para os equipamentos dos usuários, eles continuam a se equipar e as velocidades de conexão aumentam constantemente para cobrir cada vez mais atividades on-line, smartphones, tablets, objetos conectados, downloads, streaming, jogos em rede etc. O poder dos computadores dos usuários e seus dados pessoais estão gradualmente se tornando alvos dignos de interesse.

Os hackers podem ser vistos com desconfiança, mas o fato é que eles são aliados sólidos do desenvolvimento tecnológico e dos negócios.

Na terceira e última parte de nosso artigo sobre hackers, analisamos as diferentes facetas do hacking.

Lucas Ribeiro Almeida

Expert em VPN e segurança digital, revelando os segredos das redes privadas virtuais para uma navegação segura e privada.